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Área de Pacientes Materno-infantil (2025)

Público·80 Pacientes

Para depois da introdução alimentar

A criança agora não é mais um bebê!


Por volta de um ano, ela já anda, tem um pouco mais de autonomia, começa a se comunicar melhor e a experimentar um pouco mais do mundo fora do ambiente familiar, seja interagindo com seus pares em parquinhos ou entrando na creche/escolinha.


Comparado ao primeiro ano de vida, a velocidade de ganho de peso e de estatura reduz e, com ela, muitas vezes, o volume de alimento ingerido, o que pode levar a alguma preocupação por parte dos pais.


Só para você entender essa questão da velocidade de ganho de peso e estatura:


  • o peso tende a triplicar no primeiro ano e, a partir do segundo ano, a criança vai ganhar entre de 2 a 3 kg por ano


  • no primeiro ano de vida, a estatura aumenta entre 20 e 25 cm, algo que nunca mais vai acontecer. Nem no estirão da adolescência! A Sociedade Brasileira de Pediatria dá uma referência média para a velocidade de crescimento:


- do nascimento até 1 ano = 25 centímetros por ano

- entre 1 e 3 anos = 12,5 centímetros por ano

- dos 3 anos até a puberdade = 5 a 7 centímetros por ano, sendo que meninas variam entre 8 a 10 centímetros ao ano e meninos, de 10 a 12 centímetros ao ano


Primeira infância: nascimento aos 3 anos de idade 

Segunda infância: 3 a 6 anos (fase pré-escolar) 

Terceira infância: 6 a 11 anos (fase escolar) 

Adolescência: 11 a 19 anos (idade considerada pelo Ministério da Saúde e pela OMS) 


Alguns pontos importantes sobre o desenvolvimento


A introdução da alimentação complementar, que acontece por volta dos 6 meses, marca o início do aprendizado alimentar concreto, que vai se consolidando de forma muito significativa até o final da fase pré escolar.


Dos primeiros dias de vida até os cinco anos de idade, as crianças demandam nutrientes específicos, especialmente pelo intenso crescimento e desenvolvimento motor, cognitivo e neurológico.


 Até cerca de 5-6 anos, as conexões cerebrais estão a todo vapor, estruturando especialmente as funções cognitivas superiores, que serão extremamente importantes durante toda a vida, como desenvolvimento do pensamento crítico, tomada de decisões, memória, aprendizado entre outros. Ajudar o cérebro da criança a se desenvolver é um ato de amor! Lembre que cada célula do nosso corpo se forma a partir da matéria prima que fornecemos através dos alimentos. E aqui, o DHA tem papel fundamental.


Todos nós, e especialmente as crianças, operamos através de neurônios espelho. Por isso, ela vai imitar tudo que nós adultos fizermos. Daí nossa enorme responsabilidade sobre as escolhas alimentares para o núcleo familiar que vai servir de base para a formação dos hábitos futuros, tanto em relação à preferência e seleção dos alimentos como para o comportamento social e emocional.


Sobre creches e escolas


Ao entrar na creche/escola, a criança terá o primeiro convívio sistemático com as refeições fora de casa, o que certamente irá colocá-la em contato com alimentos que podem não ser familiares a ela, como pães, doces, sucos entre outros.Para famílias que optam por uma alimentação isenta de componentes animais, esse momento pode ser um grande desafio. A criança pode ter curiosidade de experimentar o alimento de oriegem animal sem ter qualquer consciência das questões que levaram os pais a optarem pela exclusão dos mesmos. Infelizmente, não há uma regra sobre como lidar com esse tipo de situação. 


Algumas instituições são mais flexíveis para acomodar o perfil alimentar das crianças cujas famílias optam por uma alimentação baseada em comida de verdade. Outra, nem tanto. Aqui também pode morar um desafio.


Cada família vai encontrar o melhor caminho e eu estou aqui para ajudar!


Recusa alimentar


Uma boa forma de trabalhar com a seleção de alguns alimentos é envolvendo a criança em todo o processo, desde a compra até o momento da refeição - que é bem vindo de ser iniciado desde o momento da introdução alimentar. Convidá-la a participar da organização dos alimentos na despensa e na geladeira e da escolha do que será preparado para a refeição do dia é também um excelente caminho. 


A criança pode ser encorajada a ir até a gaveta de legumes e pegar o que gostaria de comer no almoço. Ela também pode ser convidada a escolher a fruta para o café da manhã. Se houver disponibilidade da família para fazer bolinhos em casa, ela pode participar colocando a mãozinha na massa e cortando o bolinho no formato desejado - aqui é bem útil ter forminhas de metal com formatos divertidos.


Sim, isso dá muito trabalho! Precisa haver tempo de um adulto para fazer esse exercício com a criança. Às vezes, dá; às vezes, não. Mas posso assegurar que, apesar de todo o trabalho, muitas vezes hercúleo, compensa! A criança que passa por esse processo de encorajamento e de participação ativa terá mais autonomia e consciência alimentar nas fases seguintes da vida.


E as lancheiras?


Aqui cabe a reflexão para o caso de a refeição não ser fornecida pela escola e a lancheira ser necessária.


Vale apostar nas frutas frescas, que são docinhas e de fácil digestão – e portanto recarregam as baterias de criança rapidinho - somadas a preparações que dão um pouco mais de saciedade e que ajudam a manter a bateria cheia até a próxima refeição. Conte então com pães, bolinhos, cookies, muffins e biscoitinhos. Os guias alimentares escritos pela SVB contam com uma seleção de receitas fáceis e nutritivas. Canais do Youtube também podem ajudar. Pessoalmente, gosto muito do conteúdo do Vegtube: https://www.youtube.com/@vegtube 


Para crianças maiores, vale atenção ao cruzamento de lancheiras. Nosso hábito alimentar  cultural carece de comida de verdade e conta muito com alimentos empacotados, muitas vezes, ultraprocessados, de baixo valor nutricional, contendo farinhas refinadas, gordura trans, açúcar e aditivos alimentares. A indústria alimentícia tem uma força muito grande e, com a rotina acelerada de muitas famílias, optar pelo mais fácil acaba sendo a primeira escolha.


Por isso, conversar sobre alimentação saudável com qualquer criança que faça parte da nossa vida, como filhos, sobrinhos, netos, alunos e queridos é algo muito importante a ser feito. É um treinamento para a vida toda!

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