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Foto do escritorAna Ceregatti (Escola de Nutrição)

Como controlar a vontade de comer a cada minuto em tempo de isolamento social

Este post foi originalmente escrito para a Revista dos Vegetarianos durante o período da pandemia de Covid-19.


O isolamento social que estamos vivendo nos convidou a muitas mudanças. Algumas que nem esperávamos, como sermos privados do abraço dos nosso queridos. Sair da zona de conforto parece ser bastante desconfortável especialmente em áreas que de alguma forma suportam nossas emoções.


Comer é uma delas. Comemos em aniversários e casamentos. Comemos quando estamos felizes ou quando a tristeza bate à porta do nosso coração. Um almoço de negócios ou um jantar romântico. A happy hour do escritório. Café com bolo na casa da avó. Um chá com as amigas. Churrascos, pizzas, foudues. Nesses momentos, não se pensa em nutrir as células, mas a alma e as emoções.


Nessa quarentena, nada disso está acontecendo. Muitos de nós estão há cerca de 4 meses com a rotina limitada pelas parede da nossa casa, o que nos convidou (ou não) a conviver mais intimamente com nossa família. E isso nos colocou em outro lugar nas relações. Não que seja ruim. Apenas um lugar diferente.


Entender esse misto de encontros e desencontros, consigo mesmo e com o outro, pode dar uma pista do porque algumas pessoas passaram a comer mais durante esse confinamento.


A geladeira e a despensa estão ali ao lado. Não tenho o que fazer além de comer.


Esse é talvez a justificativa mais comum para muita gente. Se ao sair para trabalhar ou estudar a geladeira e a despensa ficavam bem fora de alcance, nesse momento do “fica em casa” a coisa mudou de figura. A solução é relativamente simples logisticamente – embora possa ser mais complexa emocionalmente: não ter em casa os chamados alimentos emocionais, como chocolates, salgadinhos, bolinhos, biscoitos, sorvetes e por aí vai. Queijos e bebidas alcoólicas entram aqui também. Não estando disponível de imediato, é bem provável que toda a logística de comprar o produto em questão seja um fator desestimulante.


Além de não ter esses alimentos ultraprocessados ou ingredientes para fazer guloseimas dentro de casa, vale a pena abastecer a geladeira e a despensa com alimentos de alto valor nutricional e que possam aliviar eventuais desejos. Frutas, sejam frescas ou secas, são docinhas e podem dar uma boa amenizada quando o desejo for por algo doce. Cuidado com as castanhas quando o apetite extra for por algo mais puxado para o salgado, pois elas, apesar de nutritivas, não bastante calóricas. Se o desejo é mastigar, uma boa alternativa é ter à mão palitos de cenoura e de pepino. Pipoca feita na panela com um tico de azeite ou com feita com água é uma opção, mas não ultrapasse o volume equivalente a 3 xícaras dela estourada.


Estou ansioso/a e desconto na comida


O ponto aqui é anterior à pandemia e acabou ficando uma pouco mais exacerbado por conta do confinamento. Extravasar a ansiedade na comida realmente não é uma boa estratégia de saúde. Uma boa alternativa é descobrir alguma atividade que realmente dê prazer, além de comer! Ler, ouvir música, pintar, fazer exercícios, meditar são algumas possibilidades, tanto para esse momento como para fora do contexto do isolamento social.


As crianças estão em casa e pedem algo diferente todo dia


Crianças precisam mais do que nunca de boas referências alimentares. Entretê-las não devem ser motivo para deixar a mão mais pesada (ou mais levinha) no preparo dos alimentos. Cada família tem a sua dinâmica, mas pode ser uma boa estratégia convidar os pequenos para ajudar no preparo das refeições e em pequenas tarefas de organização e limpeza.


Estou cozinhando mais em casa


Esse é sem dúvida o grande ponto positivo desse momento. Por não termos como comer fora, por ser mais arriscado pedir comida em termos de contaminação e por ficar muitíssimo mais barato, a cozinha foi redescoberta por muita gente. A escolha de ingredientes mais frescos, integrais, vegetais acabou entrando na vida de muitas famílias e o resultado não podia ser melhor: uma melhora na saúde física, financeira e nas relações familiares.


O contraponto negativo é que algumas pessoas passaram a fazer um verdadeiro banquete nas refeições triviais. A comida especial, aquele prato que era feito para um evento, para comer de vez em quando, acabou virando comida de (quase) todo o dia, com ingredientes muito mais calóricos, como castanhas, óleos, queijos, farinhas e açúcares. Cozinhar em casa não significa preparar tortas, moquecas, massas, molhos, bolos, sobremesas, etc., mas sim o básico: arroz integral, feijão, verduras, legumes, pães caseiros, pastinhas de leguminosas, frutas com aveia, etc.


Resumo da obra, a dica é fazer as refeições em horários regulares, comendo um volume que garanta saciedade e evitando coisas novas, fora da rotina. Componha os pratos com alimentos frescos, variados e evite ter em casa doces, salgadinhos e coisinhas que sejam difíceis de resistir. Evite também ficar inventando pratos e receitas novas, muito diferente do que é de senso comum ser adequado comer em cada refeição. Quando tiver vontade de comer algo, pense: se eu comer um prato de comida ou uma fruta, minha fome vai passar? Se a vontade for por algo "específico", muito provavelmente é fome emocional e não fisiológica. Será necessário fazer alguns acordos com suas emoções para garantir a saúde física, mental e emocional!

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